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História da Paróquia

“Estava assim realizada a maior aspiração do povo de Rio Maina.”
Livro Tombo, pg. 2

A região mais tarde denominada Rio Maina, foi fundada por imigrantes italianos em 1890. Vindos da Itália, país que passava por momentos difíceis, chegaram ao Brasil tendo a esperança de uma vida melhor, trazendo seus costumes culturais e religiosos, que aqui buscaram praticar.

Têm-se registros históricos de que a partir de 1891, já existia aqui uma edificação de madeira e de forma muito simples decorada, destinada para as orações. Como a exploração do carvão crescera nesta região, muitas famílias vieram morar aqui. Por esta razão, a comunidade viu a necessidade da construção de um templo maior, de alvenaria. Esta segunda edificação, permaneceu como o local das orações e celebrações do povo até a década de 1950, quando novamente precisou se pensar na construção de um novo e maior templo.

Santo Agostinho sempre foi o padroeiro principal da localidade de Rio Maina e da capela. Não se tem registros do porquê foi escolhido como padroeiro, mas, é anterior a 1930. Registros encontrados no Livro Tombo da Paróquia São José de Criciúma, mostram que em 1909, foi citado pelo pároco, Pe. Giovanni Canônico, a localidade de Rio Maina e seu padroeiro Santo Agostinho. Anos mais tarde, no dia 17 de setembro de 1925, de passagem por Nova Veneza, visitou a capela de Santo Agostinho o então Arcebispo de Florianópolis, Dom Domingues de Oliveira, acompanhado do pároco, Pe. Ludovico Cóccolo. O Arcebispo então registra a visita no Livro Tombo, dizendo: “…é uma capela muito pequena. Tem uma nova construção, já tem o alicerce. A impressão que tive do povo é boa. O movimento espiritual da visita foi o seguinte: 5 confissões; 110 crismas; 1 casamento…”

Sabe-se também que Rio Maina tinha uma segunda padroeira, Nossa Senhora, sob o título “das lágrimas”. Sua devoção é originária da região de Treviglio (Treviso), na Itália. A mesma região de onde viera muitos dos imigrantes que fundaram o distrito. Sua festa era celebrada no dia 28 de fevereiro e sua imagem foi abençoada no dia 10 de junho de 1948, embora já se falava dela desde 1933. Com a demolição da igreja em 1980, não se soube mais do paradeiro da imagem.

Em 1941, o Pe. Pedro Baldoncini registra sua visita à comunidade do Rio Maina, destacando que o povo era sensível e frequente aos sacramentos. Havia muitas crianças e 15 famílias vieram de Nova Veneza morar aqui.

O terceiro tempo religioso de Rio Maina, teve sua pedra fundamental abençoada no dia primeiro de maio de 1949, pelo então Arcebispo de Florianópolis, Dom Joaquim Domingues de Oliveira. A nova igreja começou a ser construída, exatamente onde hoje se encontra a atual igreja.

Os construtores responsáveis foram o Dr. Jorge e Vitorino Colombi. Como feitor, João Bonfante e como serventes, Luis Carolli, Antonio Fernandes, Angelo Manente, José Conte, Lui, Luiz Felipe Colombo. A senhora Rosa Bonfante era quem fazia a alimentação dos trabalhadores. Na época, Rio Maina contava com 42 famílias.

O novo templo foi abençoado no dia 30 de setembro de 1953, pelo vigário geral da Arquidiocese de Florianópolis, Monsenhor Frederico Hobold e contava com obras artísticas de Pedro Cechet, natural de Rio do Sul (SC), ex-seminarista salesiano e que se especializou em pintura no Rio de Janeiro e arte sacra em escolas da Itália. Suas obras formam um grande acervo em Itajaí e no sul do Estado.

Vale lembrar que até então, a localidade era atendida pelos padres de Criciúma, que vinham da Paróquia São José do centro de Criciúma. Destacam-se alguns deles: Pe. Pedro Baldoncini, Pe. Agenor Neves Marques, Pe. Augusto Zuco, Pe. Vilson Laus Schimidt, Pe. Raimundo Guizoni, Pe. Osni Rosembroch, Pe. Estanislau Cizeski.

Em 29 de março de 1954, chegaram ao Rio Maina as Pequenas Irmãs da Divina Providência. Elas eram mantidas pelo SESI (Serviço Social da Indústria) e vieram com o intuito de trabalhar com as famílias dos mineiros, visto que, a mineração era o grande forte da cidade e os problemas de saúde eram inúmeros e letais, principalmente para as crianças. Auxiliaram também de forma direta na pastoral da Capela Santo Agostinho.

As pioneiras eram em número de quatro, sendo elas: Ir. Carmela Moreira e Irmã Elza Cesar, de Minas Gerais, a Ir. Maria Luiza do Vale, do Rio de Janeiro, e a Superiora Madre Romana Prioglio, da Itália.

A Comunidade construiu uma casa para elas morarem, que era chamada Casa Assistencial São José. A construção contou com a ajuda das mineradoras e serviu também por um tempo como juvenato, para meninas que sentiam o chamado à vida religiosa. Assim está escrito no livro tombo da paróquia:

“…. As ditas irmãs merecem os maiores elogios pelos trabalhos que vem realizando e pelo muito que já conseguiram. Com verdadeiro espírito apostólico desenvolveram as mais variadas atividades: dão doutrina…fazem reunião com as associações religiosas. Mantém uma farmácia e levam medicamentos a domicílio. Visitam diariamente muitas famílias, as quais, além das palavras de conforto, ensinam higiene, arte culinária, etc.…”

“… as irmãs são muito estimadas pelo povo. Em toda a parte, são recebidas com alegria e as crianças em bando vão-lhes ao encontro.

O sonho da criação de uma paróquia nesta localidade de Rio Maina, começou a ser pensado e analisado pelo Pe. Estanislau Cizeski, então vigário da Paróquia São José de Criciúma. Vale ressaltar que outro fato que influenciou muito este sonho foi a presença das Pequenas Irmãs da Divina Providência, pois, conforme consta registrado no livro tombo da paróquia: “…a casa das irmãs de Rio Maina contribuiu, indiretamente, mas fortemente para a criação da paróquia, pois, que um sacerdote devia vir, todos os dias de Criciúma para distribuir a Sagrada Comunhão às Irmãs…”

Assim, pelo decreto de número 65, do então bispo da recém-criada Diocese de Tubarão, Dom Anselmo Pietrulla, foi criado o Curato (área pastoral), no dia 3 de setembro de 1955, já tendo sido nomeado no dia 1 de setembro de 1955, regente do Curato, Pe. Humberto Oenning. Como naquela época o correio era demorado, a carta de nomeação do regente de Curato, só chegou às mãos do Pe. Humberto, em Praia Grande -SC, mais de um mês depois da sua nomeação, tendo tomado posse, no dia 23 de outubro de 1955, às 10 horas da manhã, de forma solene e festiva. O povo de toda a localidade participou em peso das cerimônias, estando também presente o prefeito municipal de Criciúma, demais autoridades civis e o pároco de Criciúma, delegado do senhor Bispo.

A paróquia foi criada de forma oficial, mediante decreto do bispo diocesano, no dia 19 de janeiro de 1956, sendo desmembrada da Paróquia São José de Criciúma, tendo como primeiro Pároco o Pe. Humberto Oenning e como matriz, a capela de Santo Agostinho e com as seguintes comunidades:  Metropolitana, São Marcos, Morro da Cruz e Santa Augusta.

A nova comunidade paroquial, bem como seu pároco, recebeu todos os direitos e faculdades que constam segundo o direito canônico. Com o passar dos anos, a vida pastoral e espiritual do povo só cresceu. Muitos foram os padres que ajudaram neste crescimento e na construção de uma história. Por aqui passaram diversos padres, confira os párocos que fazem parte de nossa história.

No ano de 1979, começou a cogitar-se a possibilidade de reforma e ampliação da Capela de Santo Agostinho ou a demolição e construção de um novo templo, pelo crescer populacional do distrito e pela presença de comprometimentos estruturais da antiga igreja. Pensou-se também em fazer uma consulta popular, para saber a opinião do povo.

Neste meio tempo houve a transferência de padres e foi nomeado como pároco de Rio Maina, Pe. Albertino Bonetti. Este foi o grande responsável pela construção da nova igreja.

A nova e atual igreja matriz, Santo Agostinho, teve sua pedra fundamental abençoada no dia 16 de agosto de 1981 na presença de várias autoridades civis e religiosas.

O projeto do novo templo foi desenvolvido pelo arquiteto, Antário Ronei Vieira Rocha, tendo um formato de tenda, representando, a tenda que abrigava a Arca da Aliança do povo de Deus, que caminhava no deserto rumo a terra prometida. Em um sentido espiritual, a igreja tem este formato para nos lembrar que somos peregrinos neste mundo, a caminho da terra prometida, que é o céu. Ao adentrar o templo, suas paredes nos convidam a olhar para o céu, para de novo nos mostrar para qual direção devemos olhar. Em seu projeto original, modificado ao longo dos anos, parte do teto e em cima das portas, era composto de folhas de acrílico, o que possibilitava a utilização da luz solar.

Para a década de 1980, era uma obra completamente inovadora, sem nenhuma coluna para sustentar o teto e feito num sistema inovador na construção civil da época que é o concreto armado, o qual recebe uma armadura metálica. Uma construção rápida e econômica. Tão rápida que no dia 15 de agosto de 1983 foi inaugurada e começou a ser utilizada. Segundo anotações da época, a obra era uma das mais modernas e custou aproximadamente 25 milhões de cruzeiros.

Ao longo dos anos e com a mudança de párocos, a igreja e seu projeto original, foi aos poucos sendo modificado, recebendo pintura interna e externa, a construção de janelas, pintura dos quadros da via-sacra, revestimento do presbitério, teto e nicho dos santos em madeira, troca dos pisos e das portas, reforma e ampliação na sacristia, reformas no telhado e contenção para infiltração e goteiras, entre outros…

O povo possui uma importante e significativa parcela nesta história. Caracterizam-se por ser um povo engajado na vida da igreja nas diversas pastorais e movimentos; nas celebrações e missas, solícitos na caridade e fervorosos na oração. Uma prova real disto são as inúmeras vocações, sacerdotais e religiosas que aqui brotaram, expressão da oração do povo e da importância que a religião ocupa nas famílias. Assim escreve o Pe. Gregório Michels, quando pároco desta paróquia e registrado pelo Pe. Claudino Biff, no livro Crônicas da Diocese de Tubarão, “… Vocações sacerdotais e religiosas são realmente muito possíveis aqui, pois há em muitas famílias e em muitos jovens, condições de fé, que muito favorecem a disposição de servir ao povo de Deus na vida sacerdotal ou religiosa…”

Após 67 anos de paróquia, nosso bispo Dom Jacinto, juntamente com o conselho diocesano, achou por bem criar mais uma paróquia para a diocese, no bairro Metropol, desmembrando assim, da jurisdição da Paróquia Santo Agostinho as seguintes comunidades: Matriz (Metropol), São José (São José), São Marcos (São Marcos), Santa Clara (Laranjinha), Mãe Peregrina (Colonial), São Brás (Vila Visconde) e São Miguel Arcanjo (Vila Miguel), tendo a paróquia como padroeira a Sagrada Família de Nazaré.

A instalação da nova paróquia se deu no dia 02 de fevereiro de 2023, tendo sido nomeado como primeiro pároco o Pe. Maurício Feliciano.

A área remanescente da Paróquia Santo Agostinho conta atualmente com, 10 comunidades:

Nossa Senhora Aparecida (Vila Floresta),
Nossa Senhora das Graças (Vila Macarini),
Nossa Senhora de Lourdes (Vila Isabel),
Nossa Senhora do Carmo (Vila Nossa Senhora do Carmo),
Sagrado Coração de Jesus (Vila Francesa),
Santo Agostinho (Matriz – Rio Maina),
São Cristóvão (Liberdade),
São Francisco de Assis (Las Vegas),
São José (Monte Castelo),
São Luiz Gonzaga (Wosocris).

Autor: Seminarista Maurício Bibiana Sebastião